Reciclagem de plásticos no Brasil recupera-se em 2024 e índice para embalagens atinge 24,4%
Estudo anual encomendado pelo Movimento Plástico Transforma mostra recuperação nos volumes e no faturamento do setor após um 2023 desafiador;
O índice geral de reciclagem mecânica de plásticos pós-consumo no Brasil foi de 21,0%;
Índice de recuperação de embalagens, que considera todo o resíduo consumido no processo, chegou a 28,7%;
A produção de resina plástica reciclada pós-consumo (PCR) cresceu 7,8% em relação a 2023, totalizando 1.012 milhão de toneladas.
Após um ano de forte retração (2023), a indústria de reciclagem de plásticos no Brasil demonstrou sinais de recuperação em 2024. O índice de reciclagem mecânica para embalagens plásticas pós-consumo alcançou 24,4%, enquanto o índice geral para todos os tipos de plásticos foi de 21%. Os dados são do estudo anual encomendado pelo Movimento Plástico Transforma, iniciativa do PICPlast – parceria entre a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e a Braskem.
Realizado pela consultoria MaxiQuim, o
levantamento monitora os indicadores da reciclagem mecânica no país desde 2018,
com o objetivo de acompanhar as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS). O levantamento reforçou também a importância estratégica do Brasil no
cenário regional: segundo dados de 2023, Brasil e México foram responsáveis por
76% de todo o volume de plástico reciclado na América Latina, o que
evidencia a consolidação de uma indústria de grande porte e relevância para a
circularidade na região.
Em termos absolutos, a produção
brasileira de resina pós-consumo (PCR) alcançou 1,012 milhão de toneladas em
2024, número que posiciona o país entre os maiores produtores mundiais.
Para comparação, o México reciclou 1,53 milhão de toneladas no mesmo
período, enquanto toda a América Latina somou 3,79 milhões de toneladas
(dados de 2023). Na Europa, a produção foi de 7,1 milhões de toneladas em
2023, mas com queda de 8% em relação ao ano anterior, sinal de que mesmo os
mercados mais maduros no âmbito da reciclagem também sofreram com a queda
generalizada dos preços das resinas de primeiro uso a nível global
"Em 2024, a indústria de reciclagem
apresentou uma recuperação tímida após o desempenho fraco de 2023. O prolongado
ciclo de baixa das commodities petroquímicas seguiu pressionando a
competitividade dos reciclados, com os preços das resinas de primeiro uso
reduzindo o interesse da indústria de transformação por matéria-prima reciclada
e dificultando o repasse de custos. Apesar das dificuldades, houve alguns
sinais positivos: setores ligados a compromissos ESG e metas de circularidade,
como grandes embaladores e marcas de consumo, mantiveram demanda constante para
determinadas aplicações, em linha com seus objetivos", explica Maurício
Jaroski, diretor de química sustentável e reciclagem da MaxiQuim.
Recuperação da indústria e desempenho econômico
O ano de 2024 foi marcado por uma
recuperação nos volumes de plásticos reciclados, o que impactou diretamente o
faturamento da indústria, que atingiu R$ 4 bilhões, um aumento nominal
de 5,8% em relação a 2023. O setor também gerou mais empregos, alcançando a
marca de 20.043 postos de trabalho diretos, um crescimento de 7,7%.
Apesar dos desafios, a capacidade instalada das indústrias recicladoras cresceu 1,9%, chegando a 2,43 milhões de toneladas, reflexo ainda de investimentos realizados em anos anteriores.
Geração e consumo de resíduos plásticos
Em 2024, foram geradas 4,82 milhões de toneladas de resíduos plásticos pós-consumo no Brasil. Desse total, a indústria recicladora consumiu 1,55 milhão de toneladas de resíduos plásticos (incluindo pós-consumo e pós-industrial) para reprocessamento, um aumento de 7,2% em relação a 2023.
Origem dos resíduos
A origem da matéria-prima para a
reciclagem manteve uma distribuição semelhante à de anos anteriores, com os
comerciantes de resíduos se destacando como a principal fonte, responsáveis por
33% (518 mil toneladas) do volume adquirido pelas recicladoras. Na sequência,
aparecem as aparas industriais (23%), os beneficiadores (recicladores menores,
com 19%), as empresas de gestão de resíduos (11%) e as cooperativas (10%).
“Observamos que os catadores informais e as cooperativas perderam participação
para os sucateiros, um reflexo da baixa remuneração que tem enfraquecido a
força de trabalho das cooperativas”, complementa o consultor.
Destaques da produção de PCR
Desde o início da mensuração do índice
em 2018, a produção de resina reciclada pós-consumo (PCR) acumulou um
crescimento de 33,6%. Em 2024, foram produzidas 1,012 milhão de
toneladas de resinas recicladas pós-consumo. Desse total, 39% foram
de PET, seguido por PEAD com 20%, PP com 18% e PEBD/PEBDL com 15%.
A resina PCR produzida em 2024 foi destinada a diversos segmentos, com os setores de Alimentos e Bebidas (167 mil toneladas) e Higiene Pessoal, Cosméticos e Limpeza Doméstica (132 mil toneladas) se consolidando como os principais consumidores, impulsionados pela demanda por embalagens com conteúdo reciclado.
O setor de
Construção Civil e Infraestrutura, que em 2023 havia aumentado sua participação
devido à busca por materiais com menor custo, consumiu 130 mil toneladas em
2024, mantendo-se relevante, porém, com uma queda proporcional em sua
representação.
O grande
destaque do ano foi a Agroindústria, que demandou 92 mil toneladas e apresentou
um crescimento de mais de 35% em relação a 2023, impulsionado por aplicações
como lonas, mangueiras e embalagens de agroquímicos. O setor de
Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos, também aumentou significativamente seu
consumo, demandando um total de 54 mil toneladas de resina PCR.
“Se compararmos
com 2018, quando o estudo começou, percebemos uma inversão de protagonismo:
naquele ano, construção civil era o principal destino da resina reciclada,
enquanto o segmento de alimentos e bebidas tinha uma participação menor. Essa
mudança reflete o avanço regulatório e os compromissos de grandes marcas de
consumo com a economia circular e o uso de materiais mais sustentáveis”,
complementa Maurício.
Geografia da
reciclagem de plásticos
Essa
concentração industrial gera um fluxo significativo de matéria-prima entre os
estados. Em 2024, aproximadamente 41,1% do resíduo consumido pelas empresas
recicladoras veio de um estado diferente daquele onde a empresa está
localizada. Esse movimento, superior ao de 2023, indica que as empresas
buscaram matéria-prima em mercados mais distantes para obter preços mais
competitivos, mesmo com o custo do frete. Enquanto isso, o Nordeste se
consolida como a terceira força produtora de PCR, com 13,7% do total (139 mil
toneladas) e um crescimento expressivo de 16,6% em relação a 2023, reflexo da
expansão de sua capacidade produtiva.
Sobre o Movimento Plástico Transforma
Criado em 2016,
o Movimento Plástico Transforma tem
como objetivo promover conteúdo e ações educativas que demonstram que o
plástico, aliado à tecnologia, à criatividade e à responsabilidade, traz
inúmeras possibilidades para os mais diferentes segmentos. Além do site, em que é possível encontrar conceitos
importantes sobre aplicações, reutilização, descarte correto e reciclagem do
plástico, o Movimento é responsável
por diversas ações voltadas à sociedade que juntas já impactaram milhares
pessoas. A iniciativa é uma ação do PICPlast - Plano de Incentivo à Cadeia do
Plástico fruto da parceria entre a ABIPLAST e a Braskem.
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