Setor segue apreensivo em relação ao impacto do Covid-19
sobre a indústria química e a economia brasileira
A produção cresceu 0,7% e as vendas internas 1,47%, nos dois primeiros meses do ano. O volume de importações dos produtos do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim cresceu 3,1%, enquanto as exportações caíram 15,4%, no mesmo período.
No entanto, a demanda por produtos químicos de uso industrial medida pelo Consumo Aparente Nacional (CAN) caiu 2,1% nos meses de janeiro e fevereiro na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o índice de utilização da capacidade instalada manteve-se estável em 73%, nos dois primeiros meses do ano, mesmo nível de igual período de 2019.
Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, as expectativas iniciais eram positivas, mas é muito difícil prever em que medida o setor químico será afetado. “Até meados de fevereiro, as expectativas eram as de que em 2020 os resultados seriam melhores do que foram nos dois anos anteriores, mas a eclosão e disseminação do Covid-19 gerou uma mudança radical do cenário”, explica Fátima. Segundo a executiva, a Abiquim vem colhendo informações qualitativas sobre o desempenho de março e previsões para os próximos meses, até para atender demanda do próprio governo. Em uma avaliação ainda preliminar, Fátima explica: “que os dados qualitativos referentes a março dão a indicação ainda de algum aquecimento, por conta da ampliação da demanda em segmentos mais críticos. O impacto maior deverá recair sobre o setor a partir da última semana de março e começo de abril. Há uma preocupação das empresas em relação a algumas medidas que vem sendo tomadas na direção da quarentena e que podem inviabilizar a produção, a logística do transporte de produtos pelas rodovias, além do fato de os trabalhadores não conseguirem chegar às fábricas”.
A diretora da Abiquim alerta que devido a natureza essencial do setor e da ampla utilização de produtos na área de saúde, a indústria química está pronta e sedenta para contribuir com a sociedade no combate ao vírus, lembrando que há um espaço a ser ocupado pela ociosidade elevada de cerca de 30%. “Muitos produtos fabricados ao longo da cadeia química são utilizados para garantir a higienização dos ambientes (cloro, álcool gel, sanitizantes, desinfetantes, detergentes, entre outros), muitos entram na linha de frente diretamente nos hospitais (medicamentos, gases medicinais, destaque para o oxigênio, anestésicos, luvas, máscaras cirúrgicas e descartáveis em geral, bolsas de sangue), dentre tantos outros. Neste momento, a principal questão é manter a produção das fábricas de insumos em operação e, inclusive, ocupar eventuais capacidades ociosas. Inclusive, está havendo um enorme esforço das áreas técnicas das empresas em direcionar a produção para esses produtos de maior necessidade neste momento, e que estão em falta no mundo, para suprir as necessidades de ampliação da demanda. Não basta apenas facilitar a importação, a questão é que para alguns produtos não há de onde trazer. Precisamos aproveitar as cadeias existentes e estimular todas as empresas na busca por alternativas”, explica Fátima.
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