sexta-feira, 27 de julho de 2018

#PlásticoDoBem

                                           Albano Schmidt

Recentemente a ONU, Organização das Nações Unidas, protagonizou a campanha #AcabeComAPoluiçãoPlástica, onde o plástico aparece como um dos principais causadores de danos ao meio ambiente. Ao destacar apenas pontos negativos, a ação reforça a ideia de que este produto é sinônimo de poluição e leva os extremistas a enaltecerem o discurso de acabar com o seu uso.

Sou absolutamente contra o mote dessa campanha, que decidiu – de maneira irresponsável – que o plástico é um monstro poluidor. Tudo o que está em nossa volta contém, é transportado ou acondicionado por um material plástico. Nos hospitais, ele está nos medicamentos, vacinas, materiais cirúrgicos e implantes. Os alimentos e a água são transportados e acondicionados por ele.

Outro exemplo emblemático é a sacola plástica distribuída nos supermercados. Querem eliminá-la e usar a retornável, de tecido. Ok, mas depois de usadas, as sacolas retornáveis precisam ser higienizadas. Usaremos água e detergente? E quem vai tratar essa água? E a natureza? Esse não era o grande apelo para eliminarmos o plástico?

Não precisa lavar a sacola retornável? Depois de alguns usos, essa sacola estará conduzindo, transmitindo e será vetor de multiplicação de bactérias, microrganismos e fungos, estará contaminada e será um perigo para a sociedade. Enfrentaríamos seríssimos problemas de saúde pública.

Desafio alguém a conseguir viver sem o plástico, um único dia! Plástico é um produto do bem, é útil e importante. O grande vilão é a sociedade, que não dá o destino adequado. Temos que utilizar menos, reutilizar e encaminhar para o descarte adequado. Jogá-lo na natureza é uma irresponsabilidade. Até hoje nunca vi uma sacolinha com perninha indo tomar banho de rio. A ONU deveria aproveitar seu prestígio para transformar as pessoas, conscientizando-as a dar o destino adequado ao lixo.

Para que a gente construa um futuro humano e digno – para nós mesmos, mas principalmente para nossos filhos e netos – a separação e destinação do lixo para reciclagem precisa fazer parte da nossa rotina. Dar o destino correto ao lixo é um assunto sério e muito urgente, é uma mudança de atitude para a vida, em favor da vida, e deve acontecer agora.

Albano Schmidt
Presidente do Simpesc
Sindicato da Indústria de Material Plástico de Santa Catarina

Consumo de produtos químicos de uso industrial cai 7,9% no primeiro semestre de 2018

Desaceleração da economia e greve dos caminhoneiros derrubam produção, importações e exportações de produtos químicos nos primeiros meses do ano

São Paulo, 26/07/2018 – O consumo aparente nacional (CAN), que mede a produção mais importação menos exportação, dos produtos químicos de uso industrial recuou 7,9% no primeiro semestre, sobre igual período do ano passado, segundo informações preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim. O resultado reflete o desempenho ruim de diversas cadeias industriais atendidas pela química

A queda na demanda se deve ao arrefecimento da atividade econômica, notadamente a partir de março, em relação ao final do ano passado, mas sobretudo pelos impactos adversos da paralisação dos caminhoneiros, entre maio e junho, sobre a atividade do setor e da economia como um todo. “Os índices do segundo trimestre do ano ficaram muito aquém do que se previa inicialmente. Todos os componentes que integram o cálculo do CAN tiveram recuos, em volume, no período: índice de produção -4,74%, importações -19,3% e exportações -23,2%”, explica a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.

Pela natureza dos produtos químicos, alguns altamente perigosos, e pela produção em processo contínuo, há limite estreito para o armazenamento de produtos. “Por essa razão e por não ter como escoar produtos no período de paralisação dos caminhoneiros, muitas empresas tiveram que adotar planos de contingência em relação à produção. Estimativas apontam que o faturamento do setor pode ter ultrapassado os 50% de recuo em relação a um período ‘normal’ de vendas”, completa Fátima. Como resultado o nível médio de utilização da capacidade instalada ficou em 75%, dois pontos percentuais abaixo do que havia sido registrado em igual período do ano passado.

No acumulado do 1º semestre de 2018, o índice de preços subiu 18,56%, tendo sido registradas seis altas mensais consecutivas entre janeiro e junho, reflexo das flutuações do mercado internacional. A alta de preços dos produtos químicos no mercado internacional foi puxada pelo petróleo (+37,3% de janeiro a junho, no que se refere ao barril do óleo Brent) e pela nafta petroquímica (+25,6% de janeiro a junho). Ademais, com reflexos sobre a atividade química, destaca-se também a valorização do dólar no mundo e, em particular, no Brasil, em relação ao Real, +16,6% nos primeiros seis meses do ano.

Após um período de 27 meses consecutivos de resultados positivos, o índice de produção inverteu o sinal em março, passando a apresentar recuo de 0,84% de julho de 2017 a junho de 2018, em relação aos 12 meses imediatamente anteriores. A variável do índice de vendas internas teve alta de 1,03% nos últimos 12 meses findos em junho. Após resultados positivos entre 2014 e 2016, a parcela da produção local destinada ao mercado externo, vem exibindo recuos desde dezembro do ano passado. Nos últimos 12 meses, as vendas externas caíram 12% sobre igual período anterior. No que se refere às importações, também houve redução em volume, de -4,4%, sobretudo pelo recuo das compras dos intermediários para fertilizantes.

“Como resultado dos problemas recentes na produção e da queda da importação, além do menor ritmo da atividade econômica, o CAN diminuiu o ritmo, passando a demonstrar recuo de 2,2% nos últimos 12 meses, contra 6% de crescimento durante todo o ano passado”, conclui Fátima.

Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química (www.abiquim.org.br) é uma entidade sem fins lucrativos fundada em 16 de junho de 1964, que congrega indústrias químicas de grande, médio e pequeno portes, bem como prestadores de serviços ao setor químico nas áreas de logística, transporte, gerenciamento de resíduos e atendimento a emergências. A associação realiza o acompanhamento estatístico do setor, promove estudos específicos sobre as atividades e produtos da indústria química, acompanha as mudanças na legislação e assessora as empresas associadas em assuntos econômicos, técnicos e de comércio exterior. A entidade ainda representa o setor nas negociações de acordos internacionais relacionados a produtos químicos.