quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Melhores práticas do ciclo de vida das embalagens são apresentadas no Fórum Embalagem e Sustentabilidade

Executivos de grandes empresas destacaram a importância da embalagem na conservação de produtos e mostraram como estão fazendo para reduzir o impacto ambiental relacionado ao descarte

São Paulo, outubro de 2019 – O uso de tecnologias de alta performance aliado a uma gestão efetiva nos processos de produção de embalagens estiveram entre os temas discutidos no segunda edição do Fórum Embalagem & Sustentabilidade, promovido pelo Instituto de Embalagens, que aconteceu em 1º de outubro, no Espaço Nobre da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Líderes de mercado apresentaram os mais relevantes cases brasileiros e internacionais, que são um exemplo de como a economia circular traz benefícios para todo o planeta.

Na abertura do evento, a Diretora do Instituto de Embalagens, Assunta Camilo, destacou a importância da embalagem para a sociedade. "A embalagem cumpre um importante papel no combate ao desperdício de alimentos e na segurança alimentar, ou seja, ela tem um impacto social ao melhorar a qualidade de vida das pessoas", destaca. Ela oferece outros inúmeros benefícios aos consumidores, como a integridade dos produtos e o combate à falsificação, maior shelf life dos alimentos, evita vazamentos e contaminações do meio ambiente. O que falta à população é conhecimento sobre a sua importância. Há tecnologias e novos materiais disponíveis no mercado para desenvolver embalagens mais amigas do meio ambiente. O que falta é investir em educação ambiental. É através dela que podemos promover um mundo melhor", salienta Assunta.

Destaque do evento, a Bunge apresentou a garrafa de óleo mais leve do mercado. Heitor Cauneto, head em excelência de manufatura para América do Sul da empresa, explicou que o projeto teve por objetivo diminuir o impacto das atividades da empresa no meio ambiente, além de conseguir ganho de eficiência operacional e redução de custos logísticos. "A cadeia de produção da garrafa era verticalizada. Nós deixamos de comprar a resina para adquirir apenas a pré-forma. Conseguimos, em parceria com nossos fornecedores, uma redução de 18 g para 14 g da garrafa de óleo de soja, um número significativo se pensarmos no volume da Bunge. Com isso, melhoramos a sustentabilidade ambiental, pois alcançamos redução no consumo de energia elétrica, redução de uso de matéria-prima para produção da garrafa PET e das perdas no processo, enquanto tivemos aumento de produtividade e ganhos logísticos", explica o executivo.

A gerente de Sustentabilidade da Heineken, Ornella Vilardo, disse que o tema é uma prioridade de negócio da companhia. "Avaliamos de perto a nossa pegada de carbono em todas as etapas da cadeia, e a embalagem tem um papel relevante nesse contexto. Por isso, colocamos energia nisso. Em nossa abordagem, avaliamos os 6Rs, que abrangem desde iniciativas mais imediatas como a redução de materiais, até soluções mais complexas que envolvem diversos atores do setor, inclusive em conjunto com nossos concorrentes", explica.

A empresa tem programas de logística reversa em todo o Brasil, colocando os consumidores no centro das discussões e práticas. No Rock in Rio deste ano, a Heineken, maior patrocinadora do festival, produziu 2,5 milhões de copos e buscou soluções para dar a correta destinação a todos eles. Em uma ação conjunta, a Central de Catadores do Rio de Janeiro, também parceira do evento, fez a coleta, a Braskem comprou e transformou esses resíduos e a Natura utilizou 670 mil tampas na deo colônia Humor. Isso evitou a emissão de 15 toneladas de gás carbônico.

Na opinião de Estevão Braga, Diretor de Sustentabilidade da Ball Beverage South America, é necessário migrarmos de uma economia linear para uma economia circular. De acordo com pesquisa produzida pela Edelman Global com mais de dez mil consumidores ao redor do mundo, 80% esperam que as marcas sejam sustentáveis.

"Vemos no segmento de alumínio um crescimento muito grande, porque é um material com alta taxa de reciclabilidade e alto valor econômico. Há um incentivo natural para a reciclagem. Enquanto alguns resíduos valem U$ 10 ou U$ 50 a tonelada, uma tonelada reciclada de alumínio vale U$$ 1.300. Há uma economia circular de lata para lata e para outros produtos de alto valor agregado – o chamado upcycling. Precisamos experimentar, prototipar e agir em conjunto para encontrar saídas similares para todas as embalagens", afirma.

Três cases regionais foram apresentados pela Owens Illinois (O-I), líder global na fabricação de embalagens de vidro. No primeiro a empresa compartilhou o resultado da parceria em Brasília com a Green Ambiental, que implantou 14 novos coletores seletivos abertos ao público no Distrito Federal. "O vidro era considerado rejeito no DF. Os equipamentos foram projetados especialmente para o vidro, material 100% natural e reciclável, mas que não era recolhido pela coleta seletiva da região, e com isso as embalagens acabavam em aterros junto ao lixo orgânico", explica Lúcia Moreira, coordenadora de sustentabilidade. Já na Paraíba a Owens atua em parceria com a RCTEC Soluções Ambientais em um projeto que coleta vidros na Orla da capital. A ação busca mostrar alternativas para a destinação dos vidros gerados nos bares e restaurantes de João Pessoa, fomentando a reciclagem e despertando no cidadão comum maior consciência quanto à responsabilidade de todos para a preservação ambiental.

Há também a mais recente ação de conscientização promovida pela companhia: a iniciativa "Planeta + Limpo, Mais puro, Mais confiável" realizada na Praia do Arpoador, no Rio de Janeiro, que contou com voluntários – entre colaboradores da companhia e banhistas – que recolheram mais de 170 kg de resíduos da praia.

Na avaliação de José Bosco Silveira Jr., presidente da Terphane, líder em filmes PET (poliéster) na América Latina e um importante player mundial, é necessário ampliar o discurso sobre sustentabilidade. "O plástico está em evidência de uma forma que não condiz com a realidade; a questão dos plásticos vai muito além do que a mídia tem divulgado e do que a sociedade tem imaginado. Temos que ter uma visão consciente de todo o processo e pensar juntos como 'sustentabilizar' a embalagem. A abordagem sobre o assunto deve ser ampla e cada grama de material reduzido faz uma grande diferença. Não existe embalagem melhor ou pior, o que existe é a melhor adequação dentro de um mecanismo cada vez mais eficiente e sustentável." Entre as iniciativas da Terphane neste sentido, o executivo destacou a linha Ecophane® de filmes PET sustentáveis com dois produtos: um filme produzido com pelo menos 30% de garrafas PET recicladas pós-consumo e um filme bPET, com tecnologia de biodegradação para aterros sanitários.

Startups na gestão de cooperativas
Tamires Silvestre, gerente de sustentabilidade para o negócio de embalagens e plásticos de especialidades para Brasil da Dow, também entende que o plástico e outros materiais são valiosos, portanto, "temos o desafio gigante de incluí-los na economia circular. A embalagem é um elo importante na vida das pessoas", lembra. Um exemplo é o projeto da embalagem de arroz desenvolvida pela empresa, que é mais resistente à queda, utiliza filme leve de marcações e maior eficiência de recursos e produtividade. O trabalho junto a cooperativas também tem recebido a atenção da companhia, para melhorar o processo produtivo de separação e coleta de lixo. "Temos projeto na Colômbia com uma startup, no qual transformamos resíduo plástico de difícil reciclagem em construção de salas de aulas verdes".

A história de Roger Koeppl, diretor-presidente, da YouGreen, chamou a atenção de todos os participantes do Fórum. Ele começou como office-boy, formou-se em Processos de Produção e atuou em várias empresas e setores. Uma experiência como voluntário, somado a uma nova legislação o estimulou a criar a YouGreen com novo modelo de gestão, que aplica sistemas e processos da engenharia no setor de resíduos. "Hoje, estamos num galpão da Lapa, em São Paulo, e os resultados do negócio são bastante positivos, por meio da gestão integrada de resíduos, conseguimos reduzir, em média, 20% o custo operacional e aumentar em até 500% a taxa de reciclagem. Além disso, melhoramos a renda do cooperado, que pode ganhar entre R$ 1.700 e R$ 1.900 por mês", comemora o empreendedor.
Há pouco mais de um ano no país, a Indorama tem uma atuação global em 31 países. "Na área de plásticos, de cada quatro garrafas produzidas no mundo, uma é feita com o nosso PET. E no Brasil, 55% do PET vendido é reciclável", afirma Theresa Moraes, diretora comercial da empresa, que tem destinado U$ 1,5 bilhão a projetos de reciclagem no mundo até 2023. "Também estamos olhando para o trabalho dos catadores e recicladores".

Embalagens criativas e recicláveis
No ramo de produtos home care, a YVY tem provado que é possível ter embalagens disruptivas e sustentáveis. As embalagens normalmente utilizadas por produtos de limpeza carregam cerca de 90% de água em seu conteúdo. Isso significa que uma enorme quantidade de plástico de uso único se faz necessária para o transporte desse tipo de produto. As embalagens são normalmente volumosas e pesadas por conta da quantidade de água que carregam e, após serem utilizadas precisam ser destinadas corretamente. De acordo com Marcelo Ebert Ribeiro, co-fundador da empresa, todos esses problemas foram resolvidos pela YVY, com a utilização de cápsulas de produtos concentrados e borrifadores permanentes, projetados com design moderno e atrativo. A logística reversa das cápsulas também está inserida em todo o processo.

A atenção aos novos hábitos de consumo também está no radar da Mondelez. "A expectativa dos consumidores são altas e continuam crescendo, onde os Millennials são particularmente sensíveis à sustentabilidade. Por isso, nossos compromissos são reduzir o consumo e embalagens, ter todas nossas embalagens de papel de fontes sustentáveis, tornar das nossas embalagens recicláveis até 2025, fornecer informações de reciclagem aos consumidores e apoiar todo a cadeia de reciclagem para impulsionar o desenvolvimento de materiais e infraestrutura para a economia circular", disse Felipe Simone, responsável por embalagens flexíveis da empresa.

Os exemplos compartilhados por Simone ilustram este compromisso, onde as embalagens foram pensadas para trazer menor impacto ambiental, propiciar funcionalidades adicionais de proteção, aumento de vida útil dos produtos, abertura fácil, refechamento, entre outros.

Pensando no longo prazo, a Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, está formatando uma agenda sustentável até 2030, que envolverá todos os níveis da companhia. "Nosso negócio é produzir papel para embalagem e, por isso, temos que desenvolver mecanismos de manejo sustentável das nossas florestas e processos industriais com menor impacto ambiental. Hoje, temos 216 mil hectares de matas nativas preservadas e 239 mil hectares de florestas plantadas", afirma Júlio Nogueira, gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da empresa. Durante sua apresentação, o executivo enumerou vários projetos que estão sendo colocados em prática, como por exemplo, a nova plataforma Ecovadis para avaliação de fornecedores; redução de 61% de emissão específica de CO2 equivalente (2003 a 2018) com a troca de combustíveis fósseis nas caldeiras das fábricas por biomassa; e o programa de certificação de pequenos produtores de madeira.

Lançamento livro Embalagens Plásticas
Após a apresentação dos cases, os participantes acompanharam o lançamento do 18º livro "Embalagens Plásticas", mais um título do Instituto. Organizado pelo Instituto de Embalagens, com a colaboração de 19 autores, a obra discute o papel do plástico na sociedade e como descartá-lo corretamente. Devido à sua importância, ele também está sendo lançado em Düsseldorf, na Alemanha, durante a K-2019, maior feira do setor de plásticos e de borracha do mundo que acontece de 16 a 23 de outubro.

Sobre o Instituto de Embalagens
Criado em 2005, o Instituto de Embalagens tem como foco o ensino e pesquisa sobre o tema por meio de promoção de cursos, eventos, workshops e treinamentos. Em seus quase 15 anos de atuação, o instituto já ofereceu mais de 120 eventos, 80 cursos e onde já se passaram mais de 10 mil profissionais. Entre outras atividades, o Instituto organiza o Packaging on the Road, treinamento em embalagem para capacitação de profissionais, que já percorreu mais de 20 cidades; e projetos customizados de conhecimentos técnicos com os Cursos in Company. Destaque também para os conteúdos editoriais. Em 2014, lançou o primeiro livro em inglês, Better Packaging Better World, distribuído em vários países. Em 2016, foi a vez da coleção de títulos bilíngues (português-inglês) Better Packaging Better World, que já conta com 8 livros.Mais informações: www.institutodeembalagens.com.br

(JP)

Nenhum comentário:

Postar um comentário