sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Edição JP Setembro/Outubro 2025

 



Do Pará ao Vietnã: SB COP seleciona 48 cases globais que transformam sustentabilidade em ação climática

Selecionadas entre mais de 670 propostas, iniciativas foram anunciadas na pré-COP da CNI. Elas incluem regeneração da Amazônia até cidades neutras em carbono.

Gilberto Sousa/CNI

No Pará, florestas ganham vida novamente com a colaboração entre comunidades, investidores e compradores. No Vietnã, jovens se tornam especialistas em energias renováveis. Em Estocolmo, um bairro foi construído para operar sem emissões de carbono, unindo qualidade de vida e sustentabilidade. Esses são apenas três exemplos das 48 iniciativas selecionadas pela Sustainable Business COP (SB COP), coalizão global lançada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para articular ações de sustentabilidade do setor privado e apoiar as negociações climáticas da ONU.

As iniciativas foram destaque do evento Pré-COP30: “O Papel do Setor Privado na Agenda de Clima”, realizado pela CNI em 15 de outubro, em Brasília. O encontro reuniu líderes empresariais, representantes do governo e especialistas para apresentar soluções concretas para a descarbonização da economia. 

Os projetos selecionados vieram de pelo menos 14 países, formando uma rede diversa que incluiu Zâmbia, Paquistão, Colômbia e Índia. O Brasil se destacou nesse panorama de soluções verdes, com 19 cases, mostrando que o país não é apenas sede da COP30, mas também uma fonte fértil de respostas para os desafios climáticos globais. Dos 48 projetos, 38 têm uma nacionalidade específica, enquanto os demais 10 reúnem iniciativas com impacto em diferentes países.

"Os cases são exemplos concretos de que o setor privado já é parte da solução. A CNI foi pioneira ao lançar a SB COP justamente para mostrar que a indústria pode liderar pelo exemplo. Nossa ambição é que os cases sejam uma vitrine de soluções que inspirem novas políticas públicas e parcerias de impacto global", afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban. 

A programação também contou com a apresentação da posição da indústria para a COP30 e a realização de painéis sobre temas como transição energética, bioeconomia, economia circular e financiamento climático. O objetivo foi mostrar como a atuação do setor privado é estratégica para o cumprimento das metas do Acordo de Paris.

Da triagem global à seleção final

A SB COP, que reúne quase 40 milhões de empresas de mais de 60 países, abriu uma chamada pública e recebeu mais de 670 propostas de sucesso do setor privado de todo o mundo. A América do Sul teve protagonismo: quase 60% dos cases enviados vieram de empresas do continente. Após um processo de avaliação conduzido por oito grupos de trabalho (GTs) temáticos, foram selecionadas 48 iniciativas de maior destaque.

"O grande diferencial da SB COP foi a escala. Nunca houve uma mobilização tão ampla do setor privado em torno da agenda climática. Em um cenário internacional marcado por instabilidade geopolítica, é ainda mais urgente que as empresas se unam. Esse esforço coletivo é o que pode transformar soluções locais em impacto global", apontou o chair da SB COP, Ricardo Mussa. 

Os cases foram organizados de acordo com os temas dos GTs: transição energética; economia circular e materiais; bioeconomia; sistemas alimentares; soluções baseadas na natureza; cidades sustentáveis; finanças e investimentos para a transição; e empregos e habilidades verdes.

Quando a inovação virou realidade

 Regeneração da Amazônia: No Pará, uma plataforma conecta comunidades, compradores e investidores para restaurar florestas e promover produção sustentável, promovendo impacto social e ambiental.

Capacitação em energias renováveis: No Vietnã, um centro de educação técnica prepara jovens em energia solar e eólica, criando uma rede de institutos para apoiar a transição energética local e global.

Cidade neutra em carbono: Em Estocolmo, um bairro planejado para 3 mil pessoas integra residências, escritórios e espaços compartilhados com energia limpa, biodiversidade e economia circular, oferecendo um modelo de urbanismo moderno e sustentável.

"Esses exemplos mostram que a sustentabilidade deixou de ser um projeto paralelo e passou a ser parte da estratégia de negócios. A inovação está no coração da competitividade das empresas, e a SB COP ajuda a difundir essas experiências para que mais companhias adotem práticas transformadoras. A transição climática é também uma oportunidade de desenvolvimento", destacou o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.

A seleção completa mostra a diversidade das soluções. Entre os exemplos estão a produção sustentável de ácido hialurônico para produtos de beleza, com pegada ambiental até dez vezes menor; a restauração de 350 mil hectares de manguezais, unindo mitigação e adaptação climática; e a reciclagem de 5,5 bilhões de garrafas PET por ano.

Mais informações sobre estes e os outros 45 cases selecionados podem ser conferidas em https://sbcop30.com/


Edição JP Setembro/Outubro 2025

 


ESG: Transformando o futuro do setor de embalagens

por Fabiano Dias de Almeida Marques*

 A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) deixou de ser apenas uma pauta de responsabilidade corporativa para se tornar um fator estratégico essencial em todos os setores - e não seria diferente na Indústria de embalagens metálicas. Empresas que adotam práticas sustentáveis, socialmente responsáveis e bem governadas não apenas preservam a boa reputação, mas também fortalecem sua competitividade em um mercado cada vez mais exigente e consciente.

No aspecto ambiental, a pressão por redução de emissões, uso de energia renovável, gestão de resíduos e mitigação de riscos exige que fabricantes de embalagens repensem processos e materiais. Não por acaso, a economia nacional, de modo amplo, já caminha nesse sentido: dados da pesquisa "Avanços e Desafios: A Maturidade ESG nas Empresas Brasileiras 2024", elaborada pela consultoria Beon ESG e realizada pela Nexus em parceria com a Aberje, mostram que 51% das companhias já possuem estratégia de sustentabilidade, 14 pontos percentuais a mais que em 2021, enquanto a proporção de empresas com metas ambientais subiu de 31% para 43%.

Investir em inovação, como o desenvolvimento de soluções circulares, que é o caso do uso de plástico pós-consumo para a confecção de embalagens híbridas ou o desenvolvimento de novas tecnologias de impressão para latas de aço com menor pegada de carbono (impressão digital com laminação em aço), permite que as empresas alinhem eficiência produtiva com menor impacto ambiental, atendendo tanto às demandas regulatórias quanto às expectativas de consumidores e parceiros comerciais mais exigentes. Além disso, a adoção de tecnologias digitais para monitoramento de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) e controle de consumos em geral fortalece o gerenciamento ambiental e contribui para decisões mais estratégicas e precisas.


Fabiano Dias de Almeida Marques

Dessa forma, empresas que adotam práticas estruturadas de sustentabilidade tendem a reduzir custos operacionais, inovar em produtos e processos, além de criar vantagens competitivas de longo prazo. Ao mesmo tempo, estão melhor posicionadas para clientes, consumidores e investidores que valorizam a responsabilidade socioambiental.

O pilar social, por sua vez, demonstra que negócios saudáveis vão além do lucro. Programas de diversidade, inclusão etária, igualdade de gênero e apoio a comunidades impactadas fortalecem a imagem corporativa e criam ambientes de trabalho mais engajados. A promoção de estágios afirmativos, treinamentos de capacitação e incentivo à participação ativa dos colaboradores evidenciam um compromisso real com a inclusão, o pertencimento e o bem-estar das equipes. Empresas que internalizam esses princípios tendem a atrair e reter talentos, além de consolidar relacionamentos positivos com a sociedade e parceiros de negócios.

Finalmente, a governança sustenta toda a estratégia ESG. Conselhos administrativo e de sustentabilidade, comitês estratégicos atuantes, transparência em processos e treinamento completo em compliance garantem que as políticas ambientais, de ética e sociais sejam implementadas de forma consistente e perene. Uma governança estruturada fortalece a confiança do mercado, melhora a capacidade de captação de investimentos e assegura que a sustentabilidade seja incorporada ao modelo de negócios, e não apenas declarada em relatórios anuais ou em peças publicitárias.

Dessa forma, a integração dos três pilares ESG não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para o setor de embalagens. Seu avanço na economia brasileira reflete uma mudança cultural e estratégica nas empresas, que passam a enxergar essa agenda, não como custo, mas como motor de investimento, crescimento e inovação.

No setor de embalagens, integrar o ESG significa construir operações resilientes, engajar colaboradores e gerar valor duradouro para toda a cadeia produtiva. Em última análise, empresas que absorvem esses princípios contribuem para um mundo mais sustentável e mais inclusivo, posicionando-se na dianteira de um mercado em constante transformação.        

 

*Coordenador de ESG da Brasilata